Funções Executivas
A importância das Funções Executivas na aprendizagem
(https://www.blogin.com.br/2018/06/08/funcoes-executivas-na-aprendizagem/)
O que são as funções executivas?
Entende-se essas funções como um conjunto de processos cognitivos que possibilitam ao indivíduo perceber e responder aos estímulos do ambiente, gerenciar e antecipar ações e comportamentos, mudar a direção de pensamentos e comportamentos quando necessário, antecipar e planejar metas. Segue orientações e sugestões de como intervir para qualificar as funções executivas no processo de aprendizagem.
Vários componentes cognitivos estão relacionados aos processos executivos, como o controle inibitório, a memória operacional, a flexibilidade cognitiva, o planejamento, a capacidade para resolução de problemas, assim como monitoramento e gerenciamento de múltiplas tarefas e ações (Chan, Shum, Toulopoulou, & Chen, 2008; Morigushi, Zelazo, & Chevalier, 2016).
É um grupo de habilidades que nos ajuda a focar em múltiplos fluxos de informação ao mesmo tempo, monitorar erros, tomar decisões com base nas informações disponíveis, rever planos, se necessário, e resistir à tentação de deixar a frustração nos conduzir a ações precipitadas.
Qual é sua importância na aprendizagem?
Esses processos são fundamentais para a criança realizar suas atividades cotidianas e escolares, pois permitem que ela consiga focar a atenção, selecionar e inibir informações de acordo com uma situação específica, por exemplo, deixar de prestar atenção na conversa dos colegas para ouvir a explicação da professora. Possibilitam a capacidade de pensar antes de agir, de suprimir comportamentos impulsivos em função de um objetivo (auto-controle).
Além disso, as funções executivas se relacionam a capacidade de gerenciar informações em um período de tempo determinado, de relacionar essas informações segundo um contexto (memória operacional), como por exemplo, na resolução das etapas de um problema matemático. Esses processos são necessários, também, para que a criança consiga alternar e/ou mudar pensamentos e comportamentos conforme a necessidade (flexibilidade cognitiva), como nas atividades de reconto de histórias ou quando a criança necessita recontar uma história com um final diferente.
As funções executivas são relevantes para a aprendizagem da leitura e compreensão de textos. A memória operacional, a habilidade de fazer inferências e de integrar as informações presentes no texto são processos cognitivos importantes para que a criança possa refletir e compreender o que está lendo. Em relação a aprendizagem da matemática, ela necessita da habilidade de raciocínio lógico para estabelecer as relações entre números e operações. Para tal, ela precisa sustentar a informação para manipulá-la mentalmente (memória operacional), além da habilidade de abstração e flexibilidade cognitiva para a realização desses processos mentais (Diamond, 2013).
As funções executivas são as habilidades cognitivas necessárias para controlar e regular nossos pensamentos, emoções e ações.
As funções executivas podem ser divididas em três grandes categorias de competências:
Autocontrole: Essa capacidade ajuda as crianças a prestar atenção, agir menos impulsivamente e a manter a concentração numa tarefa.
Memória de trabalho: A capacidade de manter as informações na mente, onde elas podem ser manipuladas. Essa habilidade é necessária para realizar tarefas cognitivas, tais como estabelecer uma relação entre dois assuntos, fazer cálculos apenas com a mente e estabelecer uma ordem de prioridade entre várias tarefas.
Flexibilidade cognitiva: A capacidade de usar o pensamento criativo e ajustes flexíveis para se adaptar às mudanças. Essa habilidade auxilia as crianças a utilizar sua imaginação e criatividade para resolver problemas.
No contexto escolar, os professores identificam nos alunos, problemas de atenção, dificuldades para administrar emoções, para concluir tarefas, e para comunicar verbalmente desejos e necessidades, como sendo os principais determinantes para saber se uma criança está pronta para ser bem-sucedida no processo de aprendizagem.
Imagine uma sala de aula onde algumas crianças não são capazes de controlar seus impulsos, esperar a sua vez, manter o foco em seu trabalho ou lembrar-se de instruções. Mesmo que seja apenas duas crianças com prejuízos nas habilidades de funções executivas, a sala de aula inteira pode tornar-se desorganizada e um tempo precioso será perdido; Isso pode ter um impacto profundo sobre o clima geral da sala de aula e, é frequentemente relatado pelos professores como motivo de exasperação e explosão.
Os subdomínios das funções executivas:
MEMÓRIA DE TRABALHO
Lembrar-se de um número de telefone tempo suficiente para discá-lo;
Lembrar-se de ter colocado sal na comida, antes de ajudar o filho a encontrar o sapato;
Ler um texto e manter na mente as informações, conectar informações de um parágrafo para o outro, para conseguir interpretá-lo;
Fazer um problema de aritmética com várias etapas, acompanhar os movimentos e decidir um próximo passo em um jogo de damas, seguir instruções com várias etapas sem pistas;
Também ajuda nas interações sociais, como planejar e atuar em uma cena, revezar em atividades de grupo;
CONTROLE INIBITÓRIO
Controla e filtra nossos pensamentos e impulsos para resistir às tentações, distrações e hábitos e parar e pensar antes de agir;
Envolve a atenção seletiva, focada e mantida, priorização e ação;
Impede-nos de fazer qualquer coisa que venha à nossa cabeça;
Nos afasta dos devaneios, faz com que possamos esperar a nossa vez, por ex: “frear a nossa língua” e controlar nossas emoções, mesmo quando estamos com raiva, agitados ou frustrados;
FLEXIBILIDADE MENTAL
Permite-nos encontrar erros e corrigi-los, rever as formas de fazer as coisas conforme as novas informações, considerar algo a partir de uma nova perspectiva;
Capacidade de mudar agilmente as engrenagens e ajustá-las para atender as prioridades.
Autocontrole e persistência são ativos, a rigidez não é.
Importante ressaltar!
O desenvolvimento do potencial das funções executivas é um processo que exige tempo e isso se explica, em parte, pela lentidão do amadurecimento do córtex pré-frontal. As alterações nas funções executivas são aparentes quando as crianças se tornam capazes de manter em mente os objetivos importantes (por exemplo, terminar o dever de casa ao invés de assistir à televisão).
Observam-se melhorias nas funções executivas também quando as crianças desenvolvem a capacidade de analisar seu ambiente para decidir qual o plano de ação apropriado (por exemplo, estudar hoje à noite é essencial para a obtenção de uma boa nota no exame do dia seguinte).
Um nível mais elevado de funcionamento executivo está vinculado a diversos aspectos positivos, tais como competência nos domínios social, emocional e escolar. Na verdade, ele prognostica o êxito nos primeiros anos de escolaridade, mais do que a inteligência, e a aprendizagem precoce de leitura e aritmética.
Se, por um lado, um nível elevado de funcionamento executivo está associado a diversos benefícios, decisões e iniciativas comportamentais, o funcionamento executivo deficiente é uma das características de vários diagnósticos, tais como TDAH, TEA, Síndrome de Down, problemas de comportamento, dificuldades de aprendizagem, etc…